Programa do Festival

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Palavras de Luiz Antônio de Figueiredo

Ninguém pode contar

a história da poesia

só quem tiver memória

da primeira palavra,

que foi sonho, magia,

emoção. A palavra

que se perdeu no tempo

anterior ao conceito,

agora reverbera

como sonho desfeito

em todas as palavras:

rosa, fogo, papel

onde a poesia se escreve,

água, a boca dos mortos

falando a vida breve,

um livro que esquecemos

de abrir, algum momento

de amantes (sem palavra)

quando vem a ilusão

de suspender o tempo,

poesia indo à procura

desse tempo perdido,

se desfazendo em música

de palavras, miragem

do primeiro sentido.


Poemas do Tempo-Luiz Antonio de Figueiredo


A noite se reparte em mais de mil


e uma noites. Cada sono

um sonho diferente,

a noite de quem fica,

a noite de quem parte,

a insônia do doente.

Não se reparte o amor,

o canto,

a amizade,

a morte.

Um de cada vez,

ofertam-se inteiros

a cada um.


Poemas do Tempo-Luiz Antonio de Figueiredo


Pousa, felicidade,

como a luz da manhã,

de leve, sem alarde.

Amanhã será tarde.

Agora, viva a breve

delicadeza

dessa fugacidade.



Poemas do Tempo

Luiz Antonio de Figueiredo

Festival da Palavra - parceria UNESP Assis e Poiesis