Programa do Festival

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Palavras de Manoel de Barros

"É pelo beijo que o amor se edifica. É no calor da boca que o alarme de carne grita."

"Se comunica por encantamentos. E por não ser contaminada de contradições, a linguagem dos pássaros só produz gorjeios."

"A hera veste meus princípios e meus óculos."

"A primavera está por um trevo!"

"A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos."

"Só as palavras não foram castigadas com a ordem natural das coisas. As palavras continuam com os seus deslimites."

"Tem mais presença em mim o que me falta."

"Falar a partir de ninguém. Ensina a ver o sexo das nuvens. E ensina o sentido sonoro das palavras."

"Tenho uma confisão: noventa por cento do que escrevo é invenção; só dez por cento que é mentira."

"Toda frase que se faz é preciso gozar nela. E é preciso fazer o serviço com paciência para que o gozo dê frutos."

"Ontem choveu no futuro."

"A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela."

"Sou hoje um caçador de achadouros da infância."

"Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão."

"Eu sou meu estandarte pessoal. Preciso do desperdício das palavras para conter-me."

"A ciência não pode calcular quantos cavalos de força existem. Nos encantos de um sabiá."

"E agora que fazer com esta manhã desabrochada a pássaros?"

"Estou sem eternidades."

"Sem chuvas, já reparei, as andorinhas perdem o poder de voar livres."

"Uma violeta me pensou. Me encostei no azul de sua tarde."

"Nas brisas vem sempre um silêncio de garças."

"Escutei um perfume de sol nas águas."

"É no ínfimo que vejo a exuberância."

"Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou."

"Sou livre para o silêncio das formas e das cores."

"Sou formado em desencontros."

"O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore. Depois lagartixas."

"Os delírios verbais me terapeutam."

"Palavras que me aceitam como sou, eu não aceito."

"Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças."

"Sou um sujeito cheio de recantos. Os desvãos me constam. Tem hora leio avencas. Tem hora, Proust. Ouço aves e beethovens."


Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos. Outras de palavras. Poetas e tontos se compõem com palavras."

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Festival da Palavra - parceria UNESP Assis e Poiesis