domingo, 29 de maio de 2011
Poemas de amor
Sonata de amor
Que sabe a lua do sabor das nuvens?
E o sol, que sabe do frescor da relva?
Você, que sabe da ternura incrível
Desse meu jeito de vestir meus sonhos?
Meu sonho sabe a flores peregrinas,
A mel silvestre, a doce odor de auroras,
A tudo quanto forma esta apetência
De saber-me ligado à luz do instante.
Nasci para saber o bem da vida,
O humilde florescer das alvoradas,
O perfume discreto da água pura.
Nasci para ousar fazer-me amado
E amar demais, com este modo exato
De, vivendo de amor, morrer amando…
Antonio Lázaro de Almeida Prado
AGORA E SEMPRE
Eu pretendo amar-te
Com amor tão fundo,
Como se, por arte,
Meu destino fosse
Consagrar-te o mundo.
Eu pretendo amar-te
Com amor tão terno
Como se, por sorte,
Sem temer a morte,
Tudo fosse eterno.
Eu desejo amar-te
Com amor tão forte
Como se, por arte,
Ontem, hoje e sempre
Fosse recriar-te.
Eu desejo amar-te
Ontem, hoje, agora,
Como se, por sorte,
Nossa vida fosse
Permanente aurora.
Eu pretendo amar-te
Com amor tão fino
Como se, por arte
Fosse meu destino
Nascer para amar-te.
Antonio Lázaro de Almeida Prado
Razão
Pedro D'Arcadia Neto
Eu amo as pessoas
Apenas porque elas findam
Não pelo inferno, nem pelo paraíso:
Eu amo as pessoas
Apenas porque elas findam.
Aurora
Nasce em mim
essa aurora para te amar
longamente
- uma aurora sempre jovem
que o dia não vencerá,
nem a noite,
Orvalho, sol e noite,
amalgamados, sempre aurora,
na glória tão grande de te amar!
Pedro D'Arcádia Netto
Estacionei meu coração
na contramão.
Me diga amigo, meu irmão
-Quer namorar comigo?
Sei cantar blues
fazer bolos, luz
e balas de alcaçuz.
Sou fã de dias de chuva.
Acho que deixei meu coração
No porta-luvas
Greta Benitez
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugenio de Andrade
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugenio de Andrade
A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila,
a boca espera
(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)
espera o ardor
do vento
para ser ave,
e cantar.
Eugenio de Andrade
Postado por
FESTIVAL DA PALAVRA
às
16:46
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