Programa do Festival

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Palavras de Pedro D'Arcádia Netto

Aurora

Nasce em mim

essa aurora para te amar

longamente

- uma aurora sempre jovem

que o dia não vencerá,

nem a noite,

Orvalho, sol e noite,

amalgamados, sempre aurora,

na glória tão grande de te amar!



Pedro D'Arcádia Netto



Razão

Amo as pessoas

precisamente porque elas findam.

Não pelo inferno

nem pelo paraíso:

amo as pessoas

precisamente porque elas findam.



Pedro D'Arcádia Netto





"... a vida é um

sopro divino

temporariamente

esquecido na terra."


Pedro D'Arcádia Netto




História da árvore em agosto

Vê como em agosto

são tenros os brotos amarelados

e como eles tecem a árvore.

Vê como o brando leque

dos galhos deita-se no ar,

com toda a confiança.

Vê:

Com todo o conflito de seus ramos,

ela é perfeita

e linda

e eterna

contra o céu de agosto.

Vê, amigo

Vê como ela é eterna.



Pedro D'Arcádia Netto

Palavras de Mário Faustino

VIDA TODA LINGUAGEM

Vida toda linguagem,

frase perfeita sempre, talvez verso,

geralmente sem qualquer adjetivo,

coluna sem ornamento, geralmente partida.

Vida toda linguagem,

há entretanto um verbo, um verbo sempre, e um nome

aqui, ali, assegurando a perfeição

eterna do período, talvez verso,

talvez interjetivo, verso, verso.

Vida toda linguagem,

feto sugando em língua compassiva

o sangue que criança espalhará - oh metáfora ativa!

leite jorrado em fonte adolescente,

sêmen de homens maduros, verbo, verbo.

Vida toda linguagem,

bem o conhecem velhos que repetem,

contra negras janelas, cintilantes imagens

que lhes estrelam turvas trajetórias.

Vida toda linguagem --

como todos sabemos

conjugar esses verbos, nomear

esses nomes:

amar, fazer, destruir,

homem, mulher e besta, diabo e anjo

E deus talvez, e nada

Vida toda linguagem,

vida sempre perfeita,

imperfeitos somente os vocábulos mortos

com que um homem jovem, nos terraços do inverno, con-

[tra a chuva,

tenta fazê-la enterna - com se lhe faltasse

outra, imortal sintaxe

à vida que é perfeita

língua

eterna.



PRIMEIRO POEMA



Por que vos espantais se eu venho sobre as ondas?


Trago a paz e as distâncias vêm comigo

na boca tenho mundos e nos olhos palavras.

Ouvi-me.


Todas as coisas são palavras minhas:

a mais pura das nuvens

a mais pura que veio de longe e não se dissolveu

as colunas incolores além se levantando

quebradas luminosas líquidas colunas colunas

os cavalos que se empinam sobre a espuma

e o calmo silêncio povoando o mar.

Minhas palavras.

Antigas porém há pouco descobertas.

Lentas como o escurecer das nuvens refletidas

como o tremular tranqüilo da vaga adolescente.

Materiais límpidas palpáveis

frias e mornas coloridas de ondas e descendentes pássaros.

Resumidas numa única

impronunciável Palavra.

Mas eu não sou o Senhor

embora venham comigo a Música e o Poema.

Por que vos ajoelhais se eu vim por sobre as ondas

e só tenho palavras?

Ouvi a minha voz de anjo que acordou:


Sou Poeta.


CARPE DIEM



Que faço deste dia, que me adora?

Pegá-lo pela cauda, antes da hora

Vermelha de furtar-se ao meu festim?

Ou colocá-lo em música, em palavra,

Ou gravá-lo na pedra, que o sol lavra?

Força é guardá-lo em mim, que um dia assim

Tremenda noite deixa se ela ao leito

Da noite precedente o leva, feito

Escravo dessa fêmea a quem fugira

Por mim, por minha voz e minha lira.

(Mas já se sombras vejo que se cobre

Tão surdo ao sonho de ficar – tão nobre.

Já nele a luz da lua – a morte – mora,

De traição foi feito: vai-se embora.)



SOLILÓQUIO

_ Tudo o que importa é ser maravilhoso.



A maravilha: o gesto da inocência.

E do aceno o milagre a renascença

de deslumbrados olhos infantil espaço

e primavera _ o homem volta ao homem;

o inefável gera enfim o mal sublime

no coração deserto; e da terra doença

a rosa azul desponta e levanto-me rei.

_ Eu mesmo sou o encantador do mundo!

Seres e estrelas brotam de meus lábios...

e morro deste belo sofrimento

de ser maravilhoso!



                           _ Ah, quem pudesse

gritar à noite e ao tempo essas palavras

e partir pelo vento semeando versos

e terminando a criação da terra...





FAUSTINO, Mário. O homem e sua hora. E outros poemas. São Paulo: Cia das Letras, 2009. p.200.

Palavras...

POEMA ÀS PALAVRAS


. Há sempre uma palavra dentro da palavra

um gesto por exemplo

ou o zumbir dum insecto a

levantar o vento morto


Traz uma mensagem fugidia uma essência

que luz ao ritmo do tumulto da claridade

só perceptível pelos reflexos da própria luz

transparente interior das coisas


A sua transcendência identifica o fogo

o perfil exterior e seus artifícios intemporais


E apenas se lê em sinais indicativos

de virtuosos alquimistas procurando o oiro

na flecha no círculo dum arco íris caindo

magnânimo sobre o cinzento da terra.

Vieira Calado

http://vieiracalado-poesia.blogspot.com/2007/04/h-sempre-uma-palavra-dentro-da-palavra.html


A PALAVRA


a palavra em ângulo agudo

risco no ar

adaga

a descer sobre o homem

ferida à flor dos olhos.

voz letra

música

a palavra inevitável

II

a palavra a dizer(-se)

de algum lugar

ave a subir nas minhas mãos

a voar delas.

Silvia Chueire

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Palavras de Sophia de Mello-Breyner

Pudesse eu não ter laços nem limites

Ó vida de mil faces transbordantes

Para poder responder aos teus convites

Suspensos na surpresa dos instantes!



Sophia de Mello-Breyner




Poesia


Se todo o ser ao vento abandonamos

E sem medo nem dó nos destruímos,

Se morremos em tudo o que sentimos

E podemos cantar, é porque estamos

Nus em sangue, embalando a própria dor

Em frente às madrugadas do amor.

Quando a manhã brilhar refloriremos

E a alma possuirá esse esplendor

Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,

Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.

No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu — eco da lua

E dos jardins, os gestos recebidos

E o tumulto dos gestos pressentidos

Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,

Não pelo meu rumor que só perdi,

Não pelos incertos atos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei

E em cujo amor de amor me eternizei.




Liberdade


Aqui nesta praia onde

Não há nenhum vestígio de impureza,

Aqui onde há somente

Ondas tombando ininterruptamente,

Puro espaço e lúcida unidade,

Aqui o tempo apaixonadamente

Encontra a própria liberdade.





Os Poetas


Solitários pilares dos céus pesados,

Poetas nus em sangue, ó destroçados

Anunciadores do mundo

Que a presença das coisas devastou.

Gesto de forma em forma vagabundo

Que nunca num destino se acalmou.

Sophia de Mello Breyner Andresen


in Dia do Mar, 1947


No Poema

Transferir o quadro o muro a brisa

A flor o copo o brilho da madeira

E a fria e virgem limpidez da água

Para o mundo do poema limpo e rigoroso

Preservar de decadência morte e ruína

O instante real de aparição e de surpresa

Guardar num mundo claro

O gesto claro da mão tocando a mesa.

Sophia de Mello Breyner Andresen


in Livro Sexto, 1962





Arte Poética


A dicção não implica estar alegre ou triste

Mas dar minha voz à veemência das coisas

E fazer do mundo exterior substância da minha mente

Como quem devora o coração do leão

Olha fita escuta

Atenta para a caçada no quarto penumbroso

Sophia de Mello Breyner Andresen


in O Búzio de Cós, 1997

Palavras de Hilda Hilst

PÁSSARO-POESIA
Hilda Hilst

Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia

Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível

Porque de barro e palha tem sido esta viagem

Que faço a sós comigo. Isenta de traçado

Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem

Hei de levar apenas a vertigem e a fé:

Para teu corpo de luz, dois fardos breves.

Deixarei palavras e cantigas. E movediças

Embaçadas vias de Ilusão.

Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti

Pássaro-Poesia

E a paisagem limite: o fosso, o extremo

A convulsão do Homem.

Carrega-me contigo.

No Amanhã.


..................................................
 
DE ARIANA PARA DIONÍSIO.


Hilda Hilst

I

É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.

Voz e vento apenas

Das coisas do lá fora

E sozinha supor

Que se estivesses dentro

Essa voz importante e esse vento

Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento

Meu ouvido escutaria

O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.

Porque é melhor sonhar tua rudeza

E sorver reconquista a cada noite

Pensando: amanhã sim, virá.

E o tempo de amanhã será riqueza:

A cada noite, eu Ariana, preparando

Aroma e corpo. E o verso a cada noite

Se fazendo de tua sábia ausência.

II

Porque tu sabes que é de poesia

Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,

Que a teu lado te amando,

Antes de ser mulher sou inteira poeta.

E que o teu corpo existe porque o meu

Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,

É que move o grande corpo teu

Ainda que tu me vejas extrema e suplicante

Quando amanhece e me dizes adeus.

III

A minha Casa é guardiã do meu corpo

E protetora de todas minhas ardências.

E transmuta em palavra

Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata

Ainda que eu grite à Casa que só existo

Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta

E manda que eu te pergunte assim de frente:

À uma mulher que canta ensolarada

E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?

IV

Porque te amo

Deverias ao menos te deter

Um instante

Como as pessoas fazem

Quando vêem a petúnia

Ou a chuva de granizo.

Porque te amo

Deveria a teus olhos parecer

Uma outra Ariana

Não essa que te louva

A cada verso

Mas outra

Reverso de sua própria placidez

Escudo e crueldade a cada gesto.

Porque te amo, Dionísio,

é que me faço assim tão simultânea

Madura, adolescente

E porisso talvez

Te aborreças de mim. (…)



…………………………………………………….


Dez chamamentos ao amigo


Se te pareço noturna e imperfeita

Olha-me de novo. Porque esta noite

Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.

E era como se a água

Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio

E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo

Entendo que sou terra. Há tanto tempo

Espero

Que o teu corpo de água mais fraterno

Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.

E mais atento.

(I)


[Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]

Palavras de Gildes Bezerra

BATEIA


Façamos a experiência,

Tentados pela ciência

De garimpar a palavra.

Compensa a inexperiência

Quem sabe, pela insistência,

Que ganha o ouro que lavra.



SIGNIFICANTES E SIGNIFICADOS II

Enquanto

As cabeças se inclinam sobre os livros,

Como reverência ao saber,

Os corações,

Interligados pela sensibilidade,

Declinam os momentos de afeto

Entre palavras de convivência.

As vidas plenas

Transbordam a fertilidade da Razão

Sobre as páginas de jovens amanhãs.

Representam o signo

Da palavra Luta

Para viver a linguagem

Do vocábulo Paz.



DIÁRIO XXXVI

Leia

As palavras

Que falo.



DIÁRIO XLI

Ouça

As palavras

Que escrevo.



DIÁRIO LXVII

Não há o indizível

Para a sensibilidade.



DIÁRIO LXXIV

Os ouvidos ouvem as palavras faladas;

Os olhos lêem as palavras escritas.

E o coração

Ouve as palavras caladas

E lê as palavras não ditas.

sábado, 28 de agosto de 2010

ARTE POÉTICA - Jorge Luis Borges

ARTE POÉTICA


Tradução de Rolando Roque da Silva

Mirar o rio, que é de tempo e água,

E recordar que o tempo é outro rio,

Saber que nos perdemos como o rio

E que passam os rostos como a água.

E sentir que a vigília é outro sonho

Que sonha não sonhar, sentir que a morte,

Que a nossa carne teme, é essa morte

De cada noite, que se chama sonho.

E ver no dia ou ver no ano um símbolo

Desses dias do homem, de seus anos,

E converter o ultraje desses anos

Em uma música, um rumor e um símbolo.

E ver na morte o sonho, e ver no ocaso

Um triste ouro, e assim é a poesia,

Que é imortal e pobre. A poesia

Retorna como a aurora e o ocaso.

Às vezes, pelas tardes, uma face

Nos observa do fundo de um espelho;

A arte deve ser como esse espelho

Que nos revela nossa própria face.

Contam que Ulisses, farto de prodígios,

Chorou de amor ao avistar sua Ítaca

Humilde e verde. A arte é essa Ítaca

De um eterno verdor, não de prodígios.

Também é como o rio interminável

Que passa e fica e que é cristal de um mesmo

Heráclito inconstante que é o mesmo

E é outro, como o rio interminável.





ARTE POÉTICA

Mirar el río hecho de tiempo y agua

y recordar que el tiempo es otro río,

saber que nos perdemos como el río

y que los rostros pasan como el agua.

Sentir que la vigilia es otro sueño

que sueña no soñar y que la muerte

que teme nuestra carne es esa muerte

de cada noche, que se llama sueño.

Ver en el día o en el año un símbolo

de los días del hombre y de sus años,

convertir el ultraje de los años

en una música, un rumor y un símbolo,

ver en la muerte el sueño, en el ocaso

un triste oro, tal es la poesía

que es inmortal y pobre. La poesía

vuelve como la aurora y el ocaso.

A veces en las tardes una cara

nos mira desde el fondo de un espejo;

el arte debe ser como ese espejo

que nos revela nuestra propia cara.

Cuentan que Ulises, harto de prodigios,

lloró de amor al divisar su Itaca

verde y humilde. El arte es esa Itaca

de verde eternidad, no de prodigios.

También es como el río interminable

que pasa y queda y es cristal de un mismo

Heráclito inconstante, que es el mismo

y es otro, como el río interminable.



De El Hacedor (1960)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Palavras de Luiz Antônio de Figueiredo

Ninguém pode contar

a história da poesia

só quem tiver memória

da primeira palavra,

que foi sonho, magia,

emoção. A palavra

que se perdeu no tempo

anterior ao conceito,

agora reverbera

como sonho desfeito

em todas as palavras:

rosa, fogo, papel

onde a poesia se escreve,

água, a boca dos mortos

falando a vida breve,

um livro que esquecemos

de abrir, algum momento

de amantes (sem palavra)

quando vem a ilusão

de suspender o tempo,

poesia indo à procura

desse tempo perdido,

se desfazendo em música

de palavras, miragem

do primeiro sentido.


Poemas do Tempo-Luiz Antonio de Figueiredo


A noite se reparte em mais de mil


e uma noites. Cada sono

um sonho diferente,

a noite de quem fica,

a noite de quem parte,

a insônia do doente.

Não se reparte o amor,

o canto,

a amizade,

a morte.

Um de cada vez,

ofertam-se inteiros

a cada um.


Poemas do Tempo-Luiz Antonio de Figueiredo


Pousa, felicidade,

como a luz da manhã,

de leve, sem alarde.

Amanhã será tarde.

Agora, viva a breve

delicadeza

dessa fugacidade.



Poemas do Tempo

Luiz Antonio de Figueiredo

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Palavras de Emilio Moura

Libertação


Sou um poeta quase místico:

A vida é bela quando é um êxtase.

Ah! não ter um pensamento, um só pensamento no cérebro,

não vigiar a vida, a vida inquieta, a vida múltipla da sensibilidade,

mas vivê-la, de olhos cerrados, num silêncio cheio de ritmos;

não ouvir as palavras frias que mudam o destino,

ou que o fazem semelhante a um autômato;

e saber a toda hora,

saber sempre

que a vida é bela quando é um êxtase.




Canção


Viver não dói. O que dói

é a vida que se não vive.

Tanto mais bela sonhada,

quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói

é o tempo, essa força onírica

em que se criam os mitos

que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói

é essa estranha lucidez,

misto de fome e de sede

com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,

ferindo fundo, ferindo,

é a distância infinita

entre a vida que se pensa

e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.




 
Três caminhos
 
Percorri tantos caminhos,

tantos caminhos andei.

O primeiro era de nácar,

de rosa pura o segundo.

O terceiro era de nuvem,

no terceiro te encontrei.

O primeiro já trazia

teu nome brilhando no ar.

Não era nome de terra:

cantava coisas do mar.

Logo senti que o segundo

já era estrada de encantar.

Mas o terceiro, o terceiro

quantas voltas não foi dar!

Deixou meu corpo na terra,

meu coração no alto-mar.

Virou vento, virou bruma,

perdeu-se, rápido, no ar.



A fábrica do poeta



Fabrico uma esperança

como quem apaga

algo sujo num muro,

e ali, rápido, escreve:

Futuro.


Fabrico uma pureza

tão menina,

tão cristal e tão fonte

que, de repente,

É meu todo o horizonte.


Fabrico uma alegria

que é de ver as coisas

como se só agora

é que nascesse,

A aurora.


Fabrico uma certeza

exata

para cada instante.

A vida não está atrás,

Mas adiante.


Fabrico com o que tiro

de mim mesmo e do mundo

meu dia.

E ao que, em síntese, sou

Junto o que queria.


Fabrico uma hora densa,

como quem descobre.

Ah, quem diria

Que essa hora imensa

Já é poesia?


Emílio Moura




Ode ao primeiro poeta
-Comme lê monde était jeune,
et que la mort était loin!
   Georges Chennevière


Quando os homens desceram, um dia, dos montes e se detiveram, trêmulos, diante da planície imensa,

eu te vi erguendo a tua voz forte, límpida e viva.

Eras jovem e tinhas a alegria de quem está descobrindo o mundo.

Foi a tua palavra que modelou a primeira paisagem, deu ritmo aos ventos e [imaginou a beleza ingênua dos primeiros e únicos símbolos . [que se perpetuaram.

Eras criatura e criador.

Estavas no gesto maravilhado que armava as primeiras tendas e na mão

[ indecisa que traçava o desenho mágico dos caminhos

[que se improvisavam;

na imagem da vida em que se embebeu o primeiro surto livre do espírito;

estavas em ti mesmo e fora de ti,

quando os homens desceram, um dia, dos montes e se detiveram trêmulos,

diante da planície imensa...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Palavras...

A palavra é o meu domínio sobre o mundo


Clarice Lispector



Onde eu não estou, as palavras me acham.

Manoel de Barros



Palavras são um brinquedo que não fica velho. Quanto mais as crianças usam palavras, mais elas se renovam.

José Paulo Paes



Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria.

Jorge Luis Borges

 
 
A Palavra


Já não quero dicionários

consultados em vão.

Quero só a palavra

que nunca estará neles

nem se pode inventar.

Que resumiria o mundo

e o substituiria.

Mais sol do que o sol,

dentro da qual vivêssemos

todos em comunhão,

mudos,

saboreando-a.

Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida'



"O poema é feito de palavras necessárias e insubstituíveis." (Octavio Paz)

Palavras de Murilo Mendes

É muito difícil esconder o amor


A poesia sopra onde quer.
 
 
 
Reflexão n°.1


Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho

Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio

Nem ama duas vezes a mesma mulher.

Deus de onde tudo deriva

E a circulação e o movimento infinito.


Ainda não estamos habituados com o mundo

Nascer é muito comprido.




O utopista

Ele acredita que o chão é duro

Que todos os homens estão presos

Que há limites para a poesia

Que não há sorrisos nas crianças

Nem amor nas mulheres

Que só de pão vive o homem

Que não há um outro mundo.



Exergo


Lacerado pelas palavras-bacantes

Visíveis tácteis audíveis

Orfeu

Impede mesmo assim sua diáspora

Mantendo-lhes o nervo & a ságoma.

Orfeu Orftu Orfele

Orfnós Orfvós Orfeles

In: Convergência. São Paulo, Duas Cidades, 1970.










A palavra nasce-me


fere-me

mata-me

coisa-me

ressuscita-me.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Palavras de Moacir Amâncio

Moacir Amâncio

[Ata]

E, como se tivesses diante de ti uma palheta cósmica,

organizarás o teu mundo de espectros e de filtros,

biblicamente instaurando o mito da criação no caos cotidiano.

Assim, o domingo já não será um impreciso dia

mas o branco em que inicias a semana.

O branco, senhora, a solicitude em pessoa.

A segunda-feira vacilará entre o amarelo e tons pastéis

dessa ordem inaugural.

Sem bruscas rotações, portanto, da dúvida ao egoísmo.

A terça-feira se tingirá de vermelho ou de laranja

conforme o grau de umidade dos teus labirintos.

A quarta mergulhará em marinho e preto

de onde emergirás um tanto confusa. Desgraça pouca é bobagem.

Na quinta viajarás repentina do rosa ao verde-

o desequilíbrio natural te faz bem e rir é sempre muito bom.

A sexta-feira, esta guardará o azul de sempre,

obrigando-te a dizer azul quando ias dizer surpresa.

Sábado, cansada de tantas cores,

descansarás na soma delas todas e te vestirás de sol.



* * *


MITOLÓGICO


ao tentar dizer

desdigo o não dito

na ausência de pernas

cavalgo

existo centauro

nem raro nem mito.


***

como o raio
abre rios no céu
lavras um campo avaro

o papel com sua escrita

colheita de relâmpagos.

***

Das palavras aéreas - Cecília Meireles

Das palavras aéreas - Cecília Meireles


Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a vossa!

Ai, palavras, ai, palavras,

sois de vento, ides no vento,

no vento que não retorna,

e, em tão rápida existência,

tudo se forma e se transforma!

Sois de vento, ides no vento,

e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai palavras,

que estranha potência, a vossa!

Todo o sentido da vida

principia à vossa porta;

o mel do amor cristaliza

seu perfume em vossa rosa;

sois o sonho e sois a audácia,

calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,

ai! com letras se elabora...

e dos venenos humanos

sois a mais fina retorta:

frágil, frágil como o vidro

e mais que o aço poderosa!

Reis, impérios, povos, tempos,

pelo vosso impulso rodam...

Detrás de grossas paredes,

de leve, quem vos desfolha?

Pareceis de tênue seda,

sem peso de ação, nem de hora...

- e estais no bico das penas,

- e estais na tinta que as molha,

- e estais nas mãos dos juízes,

- e sois o ferro que se arrocha,

- e sois o barco para o exílio,

- e sois Moçambique e Angola!

Ai, palavras, ai palavras,

leis pela estrada afora,

erguendo asas muito incertas,

entre verdade e galhofa,

desejos do tempo inquieto,

promessas que o mundo sopra...

Ai, palavras, ai, palavras,

mirai-vos: que sois agora?

-Acusações, sentinelas,

bacamarte, algemas, escolta;

- o olho ardente da perfídia,

a velar na noite morta;

- a umidade dos presídios,

- a solidão pavorosa;

- o duro ferro de perguntas,

com sangue em cada resposta;

- e a sentença que caminha,

- e a esperança que não volta,

- e o coração que vacila,

- e o castigo que galopa...

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a vossa!

Perdão podíeis ter sido!

- sois madeira que se corta,

- sois vinte degraus de escada,

- sois um pedaço de corda...

- Sois povo pelas janelas,

cortejo, bandeira, tropa...

Ai, palavras, ai palavras,

que estranha potência, a vossa!

Éreis um sopro na aragem...

- sois um homem que se enforca!


[Do Romanceiro da Inconfidência; Flor de Poemas, ed. Nova Fronteira]

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

Octavio Paz

"A palavra é a amante e o amigo do poeta, seu pai e sua mãe, seu deus e seu diabo, seu martelo e sua almofada. Também é seu inimigo: seu espelho".



Octavio Paz

Vida

Vida


Por mais que se explique

Com subtis palavras

A vida: um mistério.
 
 
Antônio Lázaro de Almeida Prado

sábado, 21 de agosto de 2010

DESTINO DO POETA

DESTINO DO POETA




Palavras? Sim. De ar

e perdidas no ar.

Deixa que eu me perca entre palavras,

deixa que eu seja o ar entre esses lábios,

um sopro erramundo sem contornos,

breve aroma que no ar se desvanece.

Também a luz em si mesma se perde.


(Trad. Haroldo de Campos)



Octavio Paz

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Palavra Mágica

A Palavra Mágica



Certa palavra dorme na sombra

de um livro raro.

Como desencantá-la?

É a senha da vida

a senha do mundo.

Vou procurá-la.



Vou procurá-la a vida inteira

no mundo todo.

Se tarda o encontro, se não a encontro,

não desanimo,

procuro sempre.



Procuro sempre, e minha procura

ficará sendo

minha palavra.



Carlos Drummond de Andrade, in 'Discurso da Primavera'

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Catar feijão

Catar feijão




1.

Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.



2.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre

um grão qualquer, pedra ou indigesto,

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a como o risco.



João Cabral de Melo Neto

As palavras - Eugénio de Andrade

As palavras

 Eugénio de Andrade


São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:

barcos ou beijos,

as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,

leves.

Tecidas são de luz

e são a noite.

E mesmo pálidas

verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem

as recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poema às Palavras

 Poema às Palavras



Tem uns homens por aí

com medo das palavras.



Tem uns poetas por aí

segregacionistas.



Tem preconceitos contra

as palavras:

esta não serve - é mestiça,

esta também não - é muito comum,

é do povo, não é importante,

e aquela também - não tem educação

fala muito alto, é palavrão.



Tem poeta por aí cochichando

como gente muito fina

de salão,

falando entre-dentes

perpetrando futilidades

e maldades, como comadres.



Tem uns homens por ai

tratando as palavras pela cor

de sua pele:

não cruzam com as palavras, negras

amarelas, mulatas,

só fazem poemas brancos, poemas

puros, poemas arianos, poemas de raça.



Que se danem! Faço filhos

com todas as palavras

basta que elas se entreguem, e me amem

e saiam com o meu verso, à rua

para cantar.

( Poema de J G de Araujo Jorge in "O Poder da Flor" 1a ed.1969 )

Escrever - Graciliano Ramos

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.


Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.

Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."


Graciliano Ramos

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Festival da Palavra - parceria UNESP Assis e Poiesis




Festival da Palavra
UNESP Assis
dias 16 e 17 de setembro de 2010
Parceria UNESP Poiesis
Idealizadores:
Mario Sergio Vasconcelos - UNESP Assis
Frederico Barbosa - Poiesis
Fernanda M. Bueno de Almeida Prado - Poiesis

Cartaz do Festival da Palavra




Realização em parceria UNESP- Poiesis
Campus da UNESP de Assis
dias 16 e 17 de setembro de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Sobre a Escrita...


Sobre a Escrita...


Clarice Lispector

Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio.
Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento.


Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras.

Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.

Simplesmente não há palavras.

O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo. Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita são como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal, e mineral e vegetal também. Sim, mas é a sorte às vezes.

Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse ao mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranqüilidade ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.

Simplesmente as palavras do homem.

Entre o que vejo e o que digo...

Entre o que vejo e o que digo...

                                        A Roman Jakobson
        Traduzido por Anderson Braga Horta


Entre o que vejo e o que digo,

entre o que digo e o que calo,

entre o que calo e o que sonho,

entre o que sonho e o que esqueço,

a poesia.

Desliza

entre o sim e o não:

diz

o que calo,

cala

o que digo,

sonha

o que esqueço.

Não é um dizer:

é um fazer.

É um fazer

que é um dizer.

A poesia

se diz e se ouve:

é real.

E, apenas digo

é real,

se dissipa.

Será assim mais real?

2

Idéia palpável,

palavra

impalpável:

a poesia

vai e vem

entre o que é

e o que não é.

Tece reflexos

e os destece.

A poesia

semeia olhos na página,

semeia palavras nos olhos.

Os olhos falam,

as palavras olham,

os olhares pensam.

Ouvir

os pensamentos,

ver

o que dizemos,

tocar

o corpo da idéia.

Os olhos

se fecham,

as palavras se abrem´.



Octavio Paz

OCTAVIO PAZ (1914–1998) — Mexicano. Prêmio Nobel de Literatura em 1991. Importante ensaísta e conferencista (El Laberinto de la Soledad, El Arco y la Lira, El Mono Gramático, Los Hijos del Limo, Sor Juana Inés de la Cruz o las Trampas de la Fe). Alguns livros de poesia: Piedra de Sol, Salamandra, Blanco, Vuelta, Árbol Adentro.

sábado, 14 de agosto de 2010

A Palavra

A Palavra


Já não quero dicionários

consultados em vão.

Quero só a palavra

que nunca estará neles

nem se pode inventar.



Que resumiria o mundo

e o substituiria.

Mais sol do que o sol,

dentro da qual vivêssemos

todos em comunhão,

mudos,

saboreando-a.



Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida'

A Palavra

A Palavra


Eleva-se entre a espuma, verde e cristalina

e a alegria aviva-se em redonda ressonância.

O seu olhar é um sonho porque é um sopro indivisível

que reconhece e inventa a pluralidade delicada.

Ao longe e ao perto o horizonte treme entre os seus cílios.



Ela encanta-se. Adere, coincide com o ser mesmo

da coisa nomeada. O rosto da terra se renova.

Ela aflui em círculos desagregando, construindo.

Um ouvido desperta no ouvido, uma língua na língua.

Sobre si enrola o anel nupcial do universo.



O gérmen amadurece no seu corpo nascente.

Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo.

Move-se aqui e agora entre contornos vivos.

Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do universo.

Na sua simplicidade terrestre há um ardor soberano.



António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

Quanto Sinto, Penso

Quanto Sinto, Penso



Severo narro. Quanto sinto, penso.

Palavras são idéias.

Múrmuro, o rio passa, e o que não passa,

Que é nosso, não do rio.

Assim quisesse o verso: meu e alheio

E por mim mesmo lido.



Ricardo Reis, in "Odes"

Heterónimo de Fernando Pessoa


-

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Com Fúria e Raiva

Com Fúria e Raiva


Com fúria e raiva acuso o demagogo

E o seu capitalismo das palavras



Pois é preciso saber que a palavra é sagrada

Que de longe muito longe um povo a trouxe

E nela pôs sua alma confiada



De longe muito longe desde o início

O homem soube de si pela palavra

E nomeou a pedra a flor a água

E tudo emergiu porque ele disse



Com fúria e raiva acuso o demagogo

Que se promove à sombra da palavra

E da palavra faz poder e jogo

E transforma as palavras em moeda

Como se fez com o trigo e com a terra



Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

As palavras - Saramago


As palavras e o silêncio.


As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpas. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas.

As palavras estão ausentes.

Algumas palavras sugam-nos, não nos largam...

As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. E há os discursos, que são palavras encostadas umas às outras, em equilíbrio instável graças a uma precária sintaxe, até ao prego final do disse ou tenho dito. Com discursos se comemora, se inaugura, se abrem e fecham sessões, se lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas de veludo. São brindes, orações, palestras e conferências.

Pelos discursos se transmitem louvores, agradecimentos, programas e fantasias.

E depois as palavras dos discursos aparecem deitadas em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por essa via entram na imortalidade do verbo. E as palavras escorrem tão fluidas como o "precioso líquido". Escorrem interminavelmente, alagam o chão, sobem aos joelhos, chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço. É o dilúvio universal, um coro desafinado que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos, aos uivos, envoltos também num murmúrio manso, represo e conciliador... E tudo isso atordoa as estrelas e perturba as comunicações, como as tempestades solares. Porque as palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que se não ouça outra palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é a erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar as palavras para que a sementeira se mude em Seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do ato.

Há também o silêncio.

O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio.

Mas só o trigo dá pão.

José Saramago
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Sobre a Palavra

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Sobre a Palavra


Com a palavra dirige-se o homem à Divindade ou aos deuses. Pede-se, suplica-se, agradece-se!
Com a palavra abençoa-se, amaldiçoa-se, satiriza-se, pragueja-se!
Com a palavra dominam-se as forças ocultas ou assenhoreia-se delas!
Com a palavra curam-se doenças desfazem-se os malefícios e as pragas!
Com a palavra sagram-se as coisas e evitam-se as profanas!
Com a palavra respeitam-se, veneram-se, divinizam-se homens, cidades e coisas!
Com a palavra predizem-se os fatos vindouros!
Com a palavra perdem-se ou deparam-se as coisas!
Com a palavra tem-se o mundo nas mãos.



 A magia da Palavra - R.F. Mansur Guérios

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Kléber Albuquerque



O cenário da música popular brasileira conta com artistas de talento incontestável. Kléber Albuquerque é um deles, sendo compositor, instrumentista, intérprete. Criando o tempo todo com o que a vida oferece: amor, dor, alento, mansidão, conquistas, erradas, acertos, e tantos outros regalos e terrenos áridos que são oferecidos aos seres humanos.


Nascido em Santo André, São Paulo, começou sua jornada musical muito cedo, sendo frequentador do metiê rock’n roll, porém sem se abnegar do gosto por outras afluentes da música. Da música caipira aos roques, ele ouvia de tudo e se permitia influenciar. O que há de original em sua música e em sua poesia vem justamente dessa abertura que, desde sempre, faz parte da sua biografia.

Seu primeiro disco, “17.777.700”, foi lançado em 1997 e contou com a produção musical de Mário Manga. Desde então, ele lançou outros quatro discos: “Para a inveja dos Tristes” (2000), “O centro está em todas as partes” (2003), “Desvio” (2007), e o lançamento recente, pelo selo Sete Sóis, “Só o amor constrói” (2009).

“Barriga de fora”, do álbum “17.777.700”, foi a que ganhou maior notoriedade na época do lançamento do disco, chegando a ficar entre as mais-mais de uma importante emissora de rádio. Com “Xi, de Pirituba a Santo André”, oriunda de uma parceria com Rafael Altério, Kléber foi finalista do Festival da Música Brasileira promovido pela Rede Globo.

Kléber Albuquerque, no decorrer de sua carreira, participou de diversos projetos paralelos. Entre eles, o disco UmdoUmdoUm, o primeiro do milênio, gravado ao lado de Élio Camalle, Luiz Gayotto e Madan. No teatro, foi responsável pela trilha sonora e direção musical de espetáculos, sendo um deles premiado pela APCA e Femsa 2009.

Compositor que vem se destacando entre a leva dos contemporâneos, tem suas canções gravadas por Eliana Printes, Ceumar, Fábio Jr., Márcia Castro e Zeca Baleiro, entre outros. As parcerias também têm sido marcantes. Kléber já compôs canções com Zeca Baleiro, Chico César e Dante Ozzetti, e tem composições de sua autoria gravadas por Eliana Printes, Márcia Castro, Fábio Jr., Ceumar e Zeca Baleiro, entre outros.

Albuquerque lançou recentemente seu novo cd, "Só O Amor Constrói", em parceria com os músicos da Miniorkestra de Polkapunk e com participações especiais de Renato Brás, Fred Martins e André Sant'Anna.

http://www.youtube.com/tramelaweb

http://www.youtube.com/watch?v=iPfE0Ymqxno&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=pAQHXdPBbho&feature=more_related


http://www.youtube.com/watch?v=NzrZiXF74Ow&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=RELX-HUlVLw

GRUPO VOZ

GRUPO VOZ

Grupo vocal e instrumental formado em 1999 pelos irmãos Rodrigo Londero (voz e violão) e Vinicius Londero (voz e percussão), Gustavo Dall’Acqua (voz e violão) e Douglas Dalla Costa (bateria).
O trabalho autoral, os arranjos originais e a empatia com o público são as principais marcas do VOZ, que vem apresentando suas composições pelo Brasil em shows e diversos Festivais de MPB.

O som essencialmente acústico, as harmonias vocais e as letras – poesias com temas contemporâneos e filosóficos como a busca pela essência, a mecanicidade da vida, a consciência e o amor – são elementos característicos do grupo. A base harmônica está concentrada nos violões aço e nylon, que se entrecortam com as três vozes. A percussão, utilizando instrumentos folclóricos, como os cajón’s (Peru/América Latina), caixas de marabaixo (Amazônia), tambor do divino (Maranhão) e o bombo leguero (Rio Grande do Sul/Região dos Pampas), trazem os efeitos e complementos rítmicos mesclando culturas e estilos, do folclórico ao contemporâneo, reunindo a pluralidade da cultura brasileira.
Entre 1999 a 2005, desenvolveram seu trabalho autoral na Região Sul. Foram convidados a integrar o Coro da Universidade Federal de Santa Maria/RS realizando concertos no Chile, Bolívia, Argentina e Peru.
Em 2005, compuseram a rapsódia “Hello, Édipo”, trilha sonora da peça homônima da Cia. O Veneno do Teatro, de São Paulo. Nesse mesmo ano, a música “Bem além da estrela Azul”, de autoria do grupo, passa a tocar na Rádio Máxima, especializada em música brasileira, no Japão.

Em 2006, mudam-se para São Paulo e realizam seu primeiro show, no SESC Consolação. Apresentaram-se em diversas cidades paulistas como Itu, Campinas, Santos, Araçatuba, Araraquara, São Carlos, e, com o quarteto vocal “A4Vozes”, fizeram turnê em MG e SP com o espetáculo “Voz do Sul, Canto de Minas”, projeto selecionado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo no programa ProAC e apresentado em praças públicas da capital paulista como o Parque Trianon, a Praça dos Omaguás e o Corredor Literário da Consolação.
Em 2008, o “A4Vozes” - em seu terceiro trabalho, o CD Interior - grava a canção “Vento Frio, Alma Quente” de autoria do Grupo VOZ.

Promovem a cultura realizando saraus culturais temáticos e autorais. Participam dos saraus pelo programa “Chama Poética” com edições na Rede SESC, na Casa das Rosas, na Biblioteca São Paulo e no Museu da Língua Portuguesa, e também pela Instituição de Ensino Cásper Líbero com o Café Filosófico do Parque Trianon/MASP e o Sarau da CPFL Cultural, em Campinas/SP.
Em 2007, o grupo recebeu o prêmio de Melhor Arranjo no Festival de Música e Arte de Garanhuns/PE, com a música “Mira”, sendo contratado para realizar show no 17º Festival de Inverno de Garanhuns. Nesse mesmo ano, lançou o CD independente “Renovação, Revolução, Essência”.
Entre 2007 e 2009 o VOZ recebeu mais de 50 prêmios em 30 festivais de Música Popular Brasileira, entre eles “Melhor Composição”, “Melhor Arranjo”, “Melhor Intérprete”, “Melhor Grupo” e “Aclamação Popular”. Foi convidado pelo musicólogo Ricardo Cravo Albin - então jurado do 27º Festival de Música Brasileira de Piraí/RJ - para integrar seus dados artísticos e históricos no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
Dos principais shows, destaque em 2008, para o Cena Musical Independente – 1ª Mostra Paulista de Bandas Emergentes, projeto realizado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, e para a recente participação no lançamento do CD “Amazônica Elegância” de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes, em Macapá/AP, pelo projeto Pixinguinha 2009, da Funarte.
Além das participações no Festival de Inverno JulhoFest de Poços de Caldas/MG 2006, no Festival de Inverno de Garanhuns/PE 2007, na Festa em Louvor a Nossa Senhora da Lapa 2008 em Vazante/MG, em 2010 a turnê VOZ Interpreta*Interfere no Sul de MG nas cidades de Varginha, Cambuquira e Três Pontas, entre outros.
Atualmente o VOZ está pré-produzindo seu segundo disco intitulado DEUS, ZEUS E EUS.



Site oficial: http://www.grupovoz.com.br/

MySpace: www.myspace.com/grupovoz


Show VOZ Interpreta*Interfere




“INTERPRETA*INTERFERE” traz ao público um espetáculo musical inédito e contemporâneo, com um repertório de obras consagradas da música brasileira (e do mundo) além de canções próprias do grupo, amplamente premiadas em festivais de MPB.
O Grupo VOZ, nessa turnê, interpreta e interfere nas canções, recriando de forma inusitada obras como Admirável Gado Novo (Zé Ramalho), Caçador de Mim (Sá e Magrão), Imagine (John Lennon), O Sal da Terra (Beto Guedes), Asa Branca (Luiz Gonzaga), entre outras.
O público desfrutará de um espetáculo que proporcionará entretenimento, reflexão sobre temas contemporâneos e filosóficos, e acima de tudo uma experiência cultural, emocionante e sensível.

Gabriel de Almeida Prado

                                  Gabriel de Almeida Prado

Poeta, músico e fotógrafo
Gabriel é artista talentoso, com uma bela voz e poesia inventiva.
Músico da novíssima geração. É aluno de violão do compositor, músico e violonista Natan Marques, faz aulas de canto com Juliana Caldas e aulas de composição musical com  o músico e compositor Kleber Albuquerque. É fotógrafo do projeto 'Chama Poética".

http://sarauchamapoetica.blogspot.com/

Neno Miranda


Sobre Neno Miranda


Neno Miranda : músico e poeta catarinense que atualmente vive entre São Paulo e Florianópolis. É difícil definir seu trabalho - nova mpb, neo-tropicalismos ou talvez música urbana com elementos regionais. No seu últimos disco, produzido por Roberto Gava, ele conta com a participação de músicos como Caio Milan, Djalma Lima, Ricardo Simões, Israel Heber, André Mainardi, Daniel Ribeiro e outros. iniciou seus estudos em Florianópolis - SC, tento aula de violão clássico com Arthur Batisti, estudou teoria da literatura com Sérgio Medeiros na Universidade Federal de Santa Catarina, já em São Paulo teve aulas com maestro Ricardo Simões. Formado na faculdade de audiovisual da FIAM em São Paulo. Está produzindo um novo CD que será lançado em 2010.


http://www.myspace.com/nenomiranda

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Quatro Vozes

Canções que viajam pelos cantões desse Brasil na voz de A Quatro Vozes
“...tem magia encontro e poesia,é esperança no olhar...”

O Canto de Minas não é apenas o título do novo CD do quarteto A Quatro Vozes, lançamento Paulus. Ele vem revelar a origem e toda a musicalidade das quatro vocalistas, que reflete o percurso de mais de dez anos de trabalho de Dora, Jussara, Jurema e Thatiana.
Lá das Gerais, essas quatro mulheres, todas da mesma família, encantam pela alegria, harmonia, simplicidade e, principalmente, pela serenidade que desenvolvem todo o repertório musical. Com esse novo CD, essas mineiras dialogam com o imortal “Clube da Esquina” de Milton, Lô, Tiso, Márcio, Beto..., reverenciando toda a sua importância no cenário musical nacional e internacional. Isso pode ser percebido na faixa “Tempos e Canções” (Osvaldo Fabian Ossa e Doralice Otaviano), onde relembramos toda a poesia e musicalidade apresentada por estes mineiros, principalmente aquelas de autoria de Beto Guedes.

Nesse contexto constelar da diversidade mineira, O Canto de Minas tem luz melódica não só extraída das raízes do estado. É eclético, recheado de sons, dentre eles o afro, e estilos diversos como cantigas, baladas, temas regionais, folclore e samba raiz.

O Canto de Minas se enquadra nesta diversidade poético-musical. Viaja pelos cantões desse Brasil, com canções finamente selecionadas que se transformam em interessante e alquímica trama de sons e ritmos, valorizando a pluralidade musical do grupo. Ao ouvir “Santos Negros” (Cássia Maria Araújo) a melodia nos remete às procissões realizadas em uma das estreitas ruas de São João Del Rei ou mesmo de Ouro Preto, momentos de extrema celebração coletiva. Já “De luas a sóis” (Brau Mendonça e Ozias Stafuzza) nos conforta, leva-nos a um momento mágico e de profunda introspecção: “...O acaso e o destino só nos levaram qual chuva que cai sem saber pra onde a estrada vai, viajantes...”.

Na Música Popular Brasileira, a obra pode ser alinhada às matrizes poéticas de primeira grandeza, entrelaçando com sabedoria diversos ritmos como o congado (original de Moçambique), nas faixas “Boi do Pindaré” (domínio público) e “Essa Alegria” (Lula Queiroga). O regionalismo está representado pela bela “Quarto Crescente” (Divino Arbués); por Pantanal (Marcus Viana) – um canto nativo dos índios Krahô, música de sucesso e tema de abertura de novela, do mesmo nome, na TV Manchete – marco da televisão brasileira na década de 90; e “Vendedor de Caranguejo” (Gordurinha) interpretada em duas oportunidades por Gilberto Gil nos CDs Quanta (1997) e Quanta gente veio ver (1998).

Ficha Técnica:
O Canto de Minas
Cantiga do caminho (domínio público)
Upa Neguinho (Edu Lobo)
A Flor da África (Ozias Stafuzza)
Santos Negros (Cássia Maria Araújo)
Bola de meia, bola de gude ( Milton Nascimento e Brant)
Mira Ira (Lula Barbosa)
Pantanal (Marcus Viana)
Trenzinho do caipira ( Vila Lobos )
Yolanda ( Pablo Melanez e Chico Buarque)
O Boi do Pindaré (domínio público)
Vendedor de Caranguejo (Gordurinha)
Samba de tia Joana ( Jussara e Dora )
Amor não se Compra (Jussara Otaviano)
Conto de Areia (Toninho e Romildo)

FICHA TECNICA

Doralice Otaviano (médios agudos)
Jussara Otaviano (médios agudos)
Jurema Otaviano (médios graves)
Thatiana Otaviano (médios graves)

Músicos:
Bráulio Mendonça -Violão e Viola
Bebe do Goes – Percussão
Daniel Kid - Baixo

A QUATRO VOZES

O grupo vocal A QUATRO VOZES, formado pelas irmãs Dora, Jurema e Jussara e sua sobrinha Thatiana, acompanhadas de um quarteto de instrumentistas – buscam fazer música popular brasileira de maneira apaixonada.

A necessidade da música em suas vidas é herança da mãe, que cantarolava enquanto colhia café, no interior de Minas Gerais, encantando o coração do pai, então militar que fazia guarda por perto. Com determinação e paixão buscaram oportunidades para expressar um trabalho, fruto de dedicação, estudo e pesquisa da cultura brasileira. De igrejas e manifestações populares, passam a apresentar-se em festivais e bares, já em São Paulo. Música expressada com liberdade, interação e envolvimento social. E com arranjos vocais trabalhados em quatro timbres.

Desenvolvem um trabalho de resgate da MPB mesclando inúmeros elementos de uma forma muito original através de músicas que expressam o valor do indivíduo, dos sentimentos humanitários e da cultura brasileira originária das mesclas do branco, do negro e do índio.

Em seu primeiro CD solo “FELICIDADE GUERREIRA” o grupo desenvolve uma interessante e alquímica trama de sons e ritmos mostrando aos que o ouvem a pluralidade musical do nosso Brasil em um passeio pela diversidade de muitos estilos, representados neste trabalho com a balada, o calango, a bossa, o samba...

No repertório há clássicos da MPB (Gil, Chico Buarque, Vinicius) e obras de novos compositores, alguns dos quais integram o grupo.

Ao longo destes anos vem apresentando esse trabalho em diferentes locais e cenários culturais. Participou do 17º Festival Do Fogo de Cuba, na cidade de Santiago, em 1997, ano que a homenagem da mostra foi dedicada ao Brasil. No ano seguinte esteve no FEMADUM e fez uma apresentação especial com a bateria do OLODUM no Pelourinho, Salvador (BA).

O grupo lançou em 2002 o CD no 33º Festival de Inverno de Campos do Jordão, e vem realizando shows em diversos locais - Memorial da América Latina, Centro Cultural São Paulo, Teatro Municipal, Tom Brasil, Supremo Musical, Sesc Ipiranga, Sesc Vila Mariana, Sesc Santo Amaro, Sesc Belenzinho, Sesc Sto André, São Luis do Paraitinga, Cunha, Santo André, Iguape, - FNAC – RJ, Guaxupé, Divinópolis, Museu Abílio Barreto, Utópica Marcenaria – MG , Salvador, Maceió, Recife, Fortaleza e Curitiba .

O seu 2º CD  O CANTO DE MINAS lançado em 2004 pela gravadora PAULUS, vem reverenciar a musica das Gerais e se enquadra nesta diversidade poético-musical. Viaja pelos cantões desse Brasil, com canções finamente selecionadas que se transformam em interessante e alquímica trama de sons e ritmos, valorizando a pluralidade musical do grupo. Ao ouvir “Santos Negros” (Cássia Maria Araújo) a melodia nos remete às procissões realizadas em uma das estreitas ruas de São João Del Rei ou mesmo de Ouro Preto, momentos de extrema celebração coletiva. Já “De luas a sóis” (Brau Mendonça e Ozias Stafuzza) nos conforta, leva-nos a um momento mágico e de profunda introspecção: “... O acaso e o destino só nos levaram qual chuva que cai sem saber pra onde a estrada vai, viajante”.

No ano de 2005 o álbum O CANTO DE MINAS foi indicado na categoria vocal como um dos melhores grupos pelo prêmio TIM.

No projeto RUMOS, promovido pelo ITAU CULTURAL, o quarteto também está presente no projeto com a musica de uma das componentes.

Do álbum FELICIDADE GUERREIRA foi selecionada a música “Isso é Brasil” para estar em um dos cds da coletânea BOTICARIO BRASILIDADES, que será ouvido em todas as lojas do Boticário em todo o país no 2º semestre.

E no projeto CONEXÃO TELEMIG CELULAR, o quarteto ficou entre os 10 escolhidos, como novos rumos da musica mineira.

No ano de 2008 o quarteto lança o 3º CD INTERIOR pela gravadora PAULUS onde remontam um cenário intimo e peculiar, que traz no ritmo dos tambores e na melodia das vozes uma maneira de cantar músicas que falem do povo Brasileiro, nesta obra procuram reconhecer a potencialidade cultural das cidades do interior do país que transcende o seu próprio significado revelando o interior do povo brasileiro, resgatando hábitos e valores culturais tão banalizados pela produção de massa da atualidade e pela grande mídia. O CD foi abrilhantado com a musica Vento frio, alma quente do grupoVOZ . O Quarteto A QUATRO VOZES tem se apresentado em vários espaços culturais dentro e fora do Brasil: de 2008 a 2009 SESCs - Consolação, Pompéia, Ipiranga, Rio Preto, Presidente Prudente, S.J. dos Campos, SESIs Santos, S.Bernardo do Campo, Marilia, Mauá, Birigui. Prefeituras de S. Paulo, Fortaleza, Guaxupé, Santo André, Jaguariúna, Bertioga, Tiete, Embu das artes.
Portugal –Sintra -restaurante Orixás, Lisboa- Biblioteca Joanina, Santa Maria da Feira – Europarque.  Outros congressos, Centros culturais, teatros.

http://www.youtube.com/watch?v=Vf4HYdpNt8A

http://www.youtube.com/watch?v=cu4S-nWenVE&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=zidwJlqBYws&feature=related

http://www.myspace.com/aquatrovozes

Quarteto Original

Chris Stout nasceu e cresceu na ilha de Shetland, ao norte da Escócia, e vive hoje em Glasgow,onde estudou violino e composição eletroacústica na Royal Scottish Academy of Music and Drama.
É reconhecido nacional e internacionalmente como um dos melhores violinistas de música tradicional escocesa de seu país.
Chris é líder da banda Fiddler’s Bid e integrante das bandas Salsa Celtica, Finlay MacDonald Band e Celtic Feet. Além das bandas, Chris desenvolve trabalho de duo
com a harpista Catriona MacKay e trabalho solo em música tradicional e eletroacústica.
Uma faixa do seu último album solo, First o’ the Darkenin" foi nomeada música tradicional no BBC Folk Award 2005.

saiba mais:

http://www.chrisstout.co.uk/


Thomas Rohrer nasceu em Basiléia na Suíça, iniciou seus estudos musicais como violinista e estudou saxofone com Othmar Kramis na escola de jazz de Lucerna. Desde 1995 vive no Brasil e hoje é um destacado rabequeiro da música tradicional brasileira e
integrante do grupo musical A Barca. Além da música tradicional brasileira, Thomas
desenvolve um intenso trabalho no campo da improvisação livre.
Thomas colabora em gravações e apresentações de Zeca Baleiro,Paulinho Lepetit, Ceumar, Siba,Quarteto Original e CarlinhosAntunes no Brasil e com John La
Barbera, Steve Gom e Ed Sarath,entre outros na Europa.

saiba mais:
www.myspace.com/thomasrohrer


Carlinhos Antunes é um músico versátil. Toca violão, viola, charango, cuatro, kora, saz e percussão variada. Tem como principal característica viajar e pesquisar sons de diversas partes do mundo e do Brasil. Com uma vasta carreira nacional e internacional em seus 26 anos de estrada, esse músico, também historiador pela PUC-SP, já atuou
com grandes nomes do Brasil e do exterior, como Tom Zé, Adoniram Barbosa, Jair Rodrigues, Oswaldinho do Acordeom, Badi Assad, Susana Baca (Peru), Carlos Nuñes (Espanha), Paul Winter (EUA), Mahala Räi Band e Ionel Manole Trio (Romênia), Samir
e Wissan Jubran (Palestina), Antonio Chainho (Portugal), Pascal Lefeuvre (França), dentre outros artistas. Co-dirigiu a Orquestra Mediterrânea, a convite do SESC-SP, que reuniu 25 músicos de países do mediterrâneo e fez a regência do show de lançamento do CD de Tom Zé, considerado pelo Jornal Estado de São Paulo como um dos melhores shows de ano 2006. Também dirige a Orquestra Mundana e é um dos fundadores do Trio Atlântico. Além de Festivais Internacionais, que participa desde 1987, Antunes vem realizando shows em vários Estados e cidades brasileiras.

saiba mais:

http://www.carlinhosantunes.com.br/

Rui Barossi é bacharel em música pela Universidade de Campinas. Participou das edições de 1997 e 1999 do Festival de Inverno de Campos do Jordão e de 2000 do
Festival de Música de Curitiba.Contrabaixista, arranjador e compositor, compõe trilhas sonoras para teatro e tocou com diversos artistas como Sylvinha e Eduardo Araújo, Gary Brown, Luíza Possi,Jorge Mautner, Badi Assad, Virgínia Rosa, Luciana Amaral, Marina de La Riva, Graça Cunha, Chris Stout (Escócia), Oleg Fateev (Moldávia), entre outros. Já se apresentou em diversos países (França, Alemanha, Burkina Faso Escócia, Holanda, Índia etc) e em Festivais Internacionais como Celtic Connections, Nuits
Atypiques de Langon, Nuits Atypiques de Koudougou, Savassi Jazz Fest.
Atualmente faz parte dos grupos Comboio, À Deriva, Gato Negro, Carlinhos Antunes e Orquestra Mundana, Banda Urbana, Los Locos e Soft Shoes.

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www.myspace.com/ruibarossi

Susanna Busato

Susanna Busato é nascida em São Paulo, SP, em 1961. É Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, de São José do Rio Preto, SP e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Leciona Poesia Brasileira, no Curso de Licenciatura em Letras e na Pós-Graduação em Letras da UNESP, campus de São José do Rio Preto, desde 1999. Premiada no Mapa Cultural Paulista, categoria Poesia, em junho de 2010, tem poemas publicados na Revista Cult, Revista Brasileiros e nas revistas eletrônicas Zunái e Aliás. Alguns de seus textos críticos de poesia estão publicados na Revista Zunái e Germina, no Portal Cronópios e na revista eletrônica Espéculo. Revista de estudios literários da Universidad Complutense de Madrid. Organizou juntamente com Sérgio Vicente Motta o e-book Fragmentos do Contemporâneo: leituras, São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009, pelo selo Editora da UNESP. Mantém um blog onde o exercício criativo e crítico desenha coordenadas www.meupapelderiscos.blogspot.com E-mail: susanna@ibilce.unesp.br e susanna.busato@gmail.com




Marcelo Tapia

Diretor do Museu Casa Guilherme de Almeida

Escritor, editor e publicitário, nascido em Tietê , São Paulo, em 1/1/1954. Reside em São Paulo. Já publicou os seguintes livros:

Primitipo – poesia – Massao Ohno / Maria Lydia Pires e Albuquerque Editores, SP, 1982
O Bagatelista – poesia – Edições Timbre, SP, 1985
Joyce – Poemas (tradução) – Editora Expressão, SP, 1986
Haikais do Tempo / Tankas e Haikais da Lua (tradução) – Editora Olavobrás, 1988
Rótulo – poesia – Editora Olavobrás, SP, 1990
Livro Aberto – conto – Editora Olavobrás, SP, 1991
Joyce – Poemas (com Luis Dolhnikoff) – Editora Olavobrás, SP, 1992
Pedra Volátil – Poemas – Editora Olavobrás, 1996
- Os passos perdidos de Alejo Carpentier - Tradução de Marcelo Tápia - Martins Fontes -2008
- VALOR DE USO - Annablume - ano 2009

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cartaz do Festival da Palavra


UNESP de Assis
16 e 17 de setembro de 2010
Realização UNESP Poiesis

Guca Domenico

Guca Domenico


Formou-se em jornalismo pela Faculdade “Cásper Líbero”, São Paulo. É um dos fundadores do Língua de Trapo, ícone do humor musical. Além dos 7 Cds da banda, Guca Domenico gravou 3 CDs: Levando às Íntimas Conseqüências (1992), Te Vejo (2001) e Vislumbres (2008). Lançou os livros: Sete poemas e uma flor, Um campeonato de piadas, Gato Pardo, 1001 Desculpas esfarrapadas, O jovem Noel Rosa, O jovem Santos Dumont, 1001 Desculpas Esfarrapadas de Políticos, Olhe o desperdício Coelho Felício, A Poluição tem solução e Breve História da Bossa Nova. O livro O jovem Noel Rosa recebeu a chancela de “Altamente Recomendável” do Instituto Brasileiro do Livro Infanto-Juvenil, em 2004. Olhe o desperdício Coelho Felício foi escolhido como material de apoio pela Fundação Nacional do Livro Didático e transformou-se num sucesso de vendas. O jovem Santos Dumont foi considerado “Livro do Ano” pelo programa São Paulo de Todos os Tempos, da rádio Eldorado/AM. Guca Domenico tem composições gravadas por Língua de Trapo, Ana de Hollanda, Tetê Espíndolla e Almir, Gereba, Pena Branca e Trovadores Urbanos. Na Itália, Gigi Acquas. O disco “Semente Caipira”, de Pena Branca, com duas composições de Guca Domenico (A banana deu no pé e Espera eu chegar) ganhou o Grammy Latino 2002 como melhor álbum de música regional. Foi professor de Educação Musical na Scuola Italiana Eugenio Montale/ São Paulo. Também ensinou música no Conservatório Souza Lima/São Paulo. Como jornalista, colaborou na Folhinha de São Paulo, Caros Amigos, Globo Rural e Revista da Vila Madalena. Escreveu a peça teatral Meias Mentiras, 3° lugar no II Concurso de Dramaturgia da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. site:www.gucadomenico.com.br

blog: http://www.guca.zip.net/


contato para shows: (11) 3097 8861

Thadeu Romano

Iniciou seus estudos em música aos 15 anos e em pouco tempo já se apresentava em concertos para acordeom. Thadeu é um músico inquieto e ávido por novas experiências musicais, da nova safra de músicos talentosos, que transitam pelas mais diferentes formas de gêneros musicais, abrindo uma nova possibilidade para a sanfona. Seu repertório eclético e muito vasto abrange do popular ao erudito e o levou a tocar ao lado de grandes nomes da música como:
- Zizi Possi, Fábio Jr., Alessandro Penesi, Naylor Proveta, Douglas Alonso, Keko Brandão, Webster Santos, Guelo, Heraldo do Monte, Luciana Rabello, Teddy Falcon, Dóris Monteiro, Fernanda Porto, Fátima Guedes, Marcelo Mariano, Ubaldo Versolato, Marcos Teixeira, Guilherme Kastrup, Alexandre Cunha, Peri Ribeiro, Eduardo Gudin, Mafalda Minozzi, Pepa, Ary Holland, Giba Favery, Fábio Canela, Rodrigo Satter, Naná Vasconcelos, Dona Inah, João Borba, Celia e Celma entre outros;

- Os violeiros: Levi Ramiro, Júlio Santín, Milton Araújo, Zeca Collares, Miltinho Edilberto, Arnaldo da Viola, Rodrigo Zank, Yassir Chediak;

- Os Maestros: Vidal França, Chico Moreira, Jether Garotti, Amador Longuini, John Berman, Rodolfo Rebuzzi e João Carlos Coutinho;

- Os Sanfoneiros: Toninho Ferragutti, Dominguinhos, Enok Virgulino
- 0s grupos musicais: Meia Dúzia de 3 ou 4, Trio Nordestino, Trio Virgulino, Trio Forrozão, Jorge e José, Trio Juazeiro, Choro de Ouro, Choro In Jazz, Tangata Quarteto.

Atuou como músico convidado nos seguintes projetos:

- Viva Dalva

- Nora Ney

- Chorandosemparar, onde é coordenador da roda de choro

Atualmente Thadeu Romano é sanfoneiro fixo da banda de Roberta Miranda.

Ler mais: http://www.myspace.com/thadeuromano

Priscila Lavorato


Iniciou sua base para seu desenvolvimento como cantora e atriz participando de diversas peças musicais com diretores como Nydia Lícia, Renata Soffredinni, Carlinhos Machado e a na super produção "O Mágico de Oz" com Billy Bond. Fez curso livre de canto no Conservatório Souza Lima, com Selma Buso, Rafael Dantas, Gilberto de Syllos e Walter Nery. Atualmente faz Licenciatura e Bacharelado em Música na Uni Sant'Anna com professores renomados como Luiz Gayotto e Peter Dietrich. A fusão cênica e musical é o seu ponto principal, como aconteceu am alguns grupos como Cantrix, Art Show e os Garçons-Cantores do Brooklyn Restaurante. É integrante do Grupo Flama e participou de “Pierrô e Colombina”, "Estado de Sede", “Muita Chuva e Um Bolero” e sua principal e atual participação: "Passando o Chapéu", uma intervenção cênica e musical baseada na maior cantora francesa, Edith Piaf. Foi apresentado na Virada Cultural 2009, Museu da Língua Portuguesa, Casa das Rosas e Sesc Pompéia Hoje participa da Ala dos Compositores e Pesquisas do Kolombolo diá Piratininga (Grêmio Recreativo de Resistência Cultural ao Samba Paulista). Com ele participa de shows com compositores da velha guarda de São Paulo, como Ideval Anselmo, Eliseth Rosa (Vai Vai), Zé Maria do Peruche e Tias Baianas. E, por final, desenvolve e lidera o projeto chamado "O Cafofo”.

domingo, 8 de agosto de 2010

Poeta Antônio Lázaro de Almeida Prado



BIOGRAFIA SUMÁRIA
Nasci em Piracicaba em 1925

Cursei na mesma cidade, no Instituto de Educação Sud Mennuci, o Primário, o Ginásio e o Colégio Clássico.

Aprovado, em 1º lugar, cursei Letras Neolatinas na USP, logo assumindo o cargo de Assistente de Língua e Literatura Italiana em 1953. Lecionei na USP de 1953 a 1958, ocasião em que pertenci a 1ª equipe dos Fundadores da FFCL de Assis (depois Faculdade de Ciências e Letras, campus de Assis, UNESP).

Obtive os títulos de Doutor e de Livre Docente pela Cadeira de Língua e Literatura Italiana da USP.

Aos 33 assumi a Titularidade das Cadeiras de Língua e Literatura Italiana que acumulei com a de Teoria Literária e Literatura Comparada, pela qual me aposentei em 1988.

Recebi da FCL UNESP o título de Professor Emérito, e da Egrégia Câmara Municipal de Assis o título de Cidadão Assisense.

Examinei um número muito alto de Teses de Doutoramento, Livre Docência e Cátedra na USP e nos Campi da UNESP, na Escola de Sociologia e Política, em campi universitários de Bauru e Maringá (PR).

Promovi na UNESP de Assis as Noites de Música e Poesia, o Centro de Estudos Literários Alceu Amoroso Lima, o Dialogo Múltiplo, a Catequese Musical, o Festival de Artes, e (ainda em São Paulo) o 1º Festival de Artes Universitário. Ali, também, dei cursos de Português para italianos no Instituto Italo-Brasileiro.

Fui (precocemente) Assistente da PUCSP.

Continuo a promover (com minha filha Fernanda Maria Bueno de Almeida Prado) o Chama Poética (sarau de Música e Poesia) na USP, na Casa das Rosas , na Biblioteca de São Paulo e no Museu da Língua Portuguesa.

Em Assis, no diário Voz da Terra mantenho três colunas culturais: Calidoscópio, Livros sobre a mesa e Poesia em Rosa dos Ventos.

Continuo, pois, na ativa, na altura de completar 85 anos, sendo desde 1943, Membro da UBE (União Brasileira de Escritores) e da API (Associação Paulista de Imprensa).

Assis, 8 de abril de 2010

E-mail: professorprado.prado@gmail.com

http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2010/04/antonio-lazaro-de-almeida-prado.html

Poesia: http://ciclodaschamas.blogspot.com/

Crítica: http://www.tirodeletra.com.br/folhetim/PerfilAlmeidaPrado.htm

http://revistacontemporartes.blogspot.com/2010/04/o-poeta-antonio

Festival da Palavra - parceria UNESP Assis e Poiesis